segunda-feira, 27 de julho de 2009

"Sojo: O jornalista que faz tudo"

Um artigo de André de Atayde Alves contém mais um exemplo de como é ser um jornalista multi-funções. O profissional em questão é Filipe Araújo, descrito como "um solo journalist português, ou seja, um sojo."

Filipe Araújo não tem dúvidas: "Eu acredito que os jornalistas têm cada vez mais de trabalhar em todos os formatos. É o futuro".

Tudo começou com uma reportagem de um videoclip: "Um dia pediram-me para fazer uma reportagem sobre o teledisco dos Anjos. Então levei uma câmara de filmar e uma máquina fotográfica. Depois escrevi."

O perfil de uma jornalista multi-funções











Mara Schiavocampo é uma jornalista da NBC News.

Ela é, por assim dizer, a jornalista multi-funções por excelência. O seu trabalho baseia-se na filmagem dos acontecimentos, bem como a captação de imagens (fotografia); por último, a escrita da peça. O método de trabalho de Mara está descrito numa entrevista feita à jornalista pelo Nieman Journalismo Lab.

Para ficarmos a par de como é trabalhar com tantas ferramentas, a descrição é feita aqui.


dica do Ponto Media.

5 lições importantes para os jornalistas multi-funções:

130 anos de jornalismo mostram como as novas tecnologias não devem apagar a prática jornalística, mas antes reforçá-la.

domingo, 26 de julho de 2009

Procura-se editor multi-funções!

Segundo o Sítio do Sindicato dos Jornalistas, "Um consórcio de editores que promove um projecto editorial na Internet sobre a actualidade europeia está à procura de um editor que exerça também as funções de revisor e tradutor."

A notícia revela também que as funções do editor "incluem a edição, revisão e tradução de textos online, o acompanhamento da imprensa espanhola, a escrita de pequenas notícias em espanhol, francês ou inglês e a alimentação do blogue associado ao sítio."

"The Backpack Journalist"

Um seminário do Poynter Institute oferece a formação necessária para a concretização do jornalista multi-funções, intitulado The Backpack Journalist.

Aqui, segundo a descrição, aprendemos:

- a elaborar estórias em vídeo através de imagens, som, iluminação, transições, sequências e composição;
- como capturar sons notáveis que completam a estória;
- como pensar "visualmente para a Web";
- como encontrar e capturar momentos memoráveis e personagens nas estórias;
- como tomar decisões éticas aquando da edição de áudio e vídeo.


Este é um dos exemplos de formação profissional para uma adaptação plena às diversas plataformas multimédia. Também em Portugal essa adaptação está a acontecer. O Cenjor integra neste momento 16 curos de formação de jornalismo; 9 deles são multimédia.

sábado, 25 de julho de 2009

"O jornalista do futuro"

O que vai ser o jornalista do futuro? Já aqui desenvolvemos a ideia da interacção das várias plataformas, uma espécie de "homem dos sete ofícios" ou "jornalista à antiga", a agregação de vários tipos de jornalismo num só profissional.

Um artigo de Adam Westbrook, um autêntico protótipo da profissão que temos vindo a propor, demonstra na perfeição qual é a sua concepção de jornalista do futuro.

"O jornalista do futuro é um repórter, um jornalista de vídeo, um fotojornalista, jornalista de áudio e designer interactivo, tudo num só. Ele filma e edita filmes, apresentações de áudio, podcasts, vodcasts, blogues e artigos mais longos. Pode ter uma especialização fora deste contexto, mas tem a possibilidade de ir a qualquer lado e cobrir uma estória em múltiplas plataformas."

quinta-feira, 18 de junho de 2009

A função do Jornalista

Numa altura em que todos os cenários parecem apontar para o fim dos jornais em papel, tal como sempre existiram, a preocupação sobre a função do jornalista está longe de ser a maior. No entanto, é no profissional que produz as notícias que encontramos a base da informação. O jornalista investiga, interpreta, trabalha o material informativo e por último publica. E isso acontece, como é sabido, em todas as plataformas. E é bom que aconteça, pois só dessa forma se consegue fazer bom jornalismo – principalmente no que à investigação e interpretação dos acontecimentos diz respeito (ver Epílogo do estudo de Anabela Gradim, intitulado Os Géneros e a Convergência: o jornalista multimédia do século XXI, da Universidade da Beira Interior, acerca do futuro do jornalista e das suas funções). O problema, obviamente, surge quando o jornalista é obrigado a fazê-lo para duas plataformas distintas, devido à sua multifuncionalidade.

Se estivermos a falar de um jornal online que publica vídeos como produto noticioso, pretende-se que estes não sejam qualitativamente inferiores às notícias escritas. O que se quer é, precisamente, que eles constituam um valor acrescentado em relação ao texto escrito – não basta pôr imagens para que elas digam por si só algo mais; é preciso que mostrem realmente algo que ainda não foi dito, que ainda não foi noticiado, que ainda não foi – permitam-nos o pleonasmo – “mostrado”.


Links sobre o fim de algumas publicações:

aqui;
aqui;
aqui;

Jornalista multi-funções VS Jornalismo multimédia

Convém, porém, frisar uma pequena distinção que ainda não foi referida. O nosso objecto de estudo é, e será, o jornalista multi-funções e não o jornalismo multimédia. Ainda assim, como veremos de seguida, o jornalista multi-funções resulta muitas vezes da organização convergente (ver definição de convergência) das empresas de comunicação social/informação, que mais não praticam que jornalismo multimédia; os dois conceitos não são, por isso mesmo, completamente indissociáveis.

Vejamos o exemplo do El País:

EL PAÍS - Madrid - 20/01/2009

El País vai converter-se numa empresa de produção de conteúdos de qualidade para papel, Internet e telefones móveis”, através de um novo modelo organizativo que supõe uma “mudança estrutural” e cristaliza a criação de três novas empresas. A redacção do El País fundir-se-á com a da sua edição em Internet (que até ao momento dependia de outra empresa do grupo, Prisacom). Esta integração não se limita ao nível jornalístico, sendo que constitui também uma fusão de operações económicas. Assim, criar-se-á uma empresa de conteúdos de qualidade sob a marca de El País na qual trabalharão perto de meio milhar de profissionais”.

Embora Juan Luis Cebrián (antigo director do diário e conselheiro delegado do grupo que o detém, a PRISA) afirme que ninguém vai ser despedido para levar a cabo esta medida (que entrou em vigor dia 1 de Março deste ano), isso não quer dizer que não haja uma interacção de plataformas. De uma forma ou de outra, a remodelação do jornal espanhol vai fazer com que os profissionais das três empresas comecem a trabalhar em conjunto; é esse, no fundo, o objectivo da convergência.

3 – “Convergência”


Esta multifuncionalidade do jornalista tem o seu regresso, por isso, no contexto das redacções integradas (um conceito também conhecido como convergência). A integração de diferentes plataformas (multimédia) numa mesma redacção proporcionou a que o jornalista estivesse presente em mais do que uma área em simultâneo. Um estudo da Universidade de Navarra – elaborado pelo grupo Novos Medios – apresenta uma fórmula para calcular o índice de convergência. Através de uma infografia, oferece-nos uma definição para este conceito:

A convergência dos media é um processo multidimensional que, facilitado pela generalizada implantação da tecnologia digital nas telecomunicações, afecta as áreas tecnológica, comercial, profissional e publicitária dos mass media. Favorece uma integração de ferramentas, espaços, métodos de trabalho e linguagens que estavam formalmente dispersas, de tal forma que os jornalistas produzam conteúdos que estão distribuídos por numerosas plataformas, usando a linguagem específica de cada uma delas (Palacios e Diaz-Noci, 2009 II:3)”.

Na opinião de João Pedro Pereira – jornalista do Público – “há uma grande divergência de estruturas entre os órgãos de diferentes meios. Nos jornais, dada a maior similitude de práticas jornalísticas na produção para o papel e para a Web, a integração poderá ser mais facilmente alcançada (o que não quer dizer que seja fácil)."


Há, portanto, uma conjugação de práticas jornalísticas, linguagens e ferramentas. Então, somos levados a questionar-nos: não será preferível o jornalista especializar-se numa só tarefa de modo a aperfeiçoar o seu trabalho (isto não quer dizer que não possa nem deva conhecer as outras ferramentas)?